Estrabismo é mais frequente em crianças com síndrome de Down?

Você sabia que crianças com síndrome de Down apresentam muito mais alterações oculares do que as outras crianças? E o estrabismo é uma das principais.
2 de outubro de 2019 | 7min 14sec

A Síndrome de Down é causada por uma alteração genética, na qual um cromossomo extra no par 21 está presente. Por este motivo, também é conhecida como trissomia do cromossomo 21. As crianças, os jovens e os adultos com síndrome de Down podem ter algumas características semelhantes e estar sujeitos a uma maior incidência de doenças, mas apresentam personalidades e características diferentes e únicas. A síndrome de Down também é carinhosamente conhecida como trissomia do amor, pois em geral são crianças que esbanjam amor e ternura.

Entre as condições visuais mais prevalentes nas crianças com síndrome de Down estão o estrabismo e os erros refrativos, como o astigmatismo, a hipermetropia e a miopia. Outras doenças oculares frequentes incluem: ceratocone, megalocórnea, catarata, nistagmo, obstrução de vias lacrimais e blefarite.

Você sabia que desvios oculares (estrabismo) estão presentes em até 38% das crianças com Down? A principal origem do estrabismo na síndrome de Down está relacionada à hipermetropia, que afeta a visão de perto. É o que chamamos de estrabismo acomodativo. Para compensar a dificuldade de enxergar devido à hipermetropia, a criança acaba desviando os olhos em um movimento para dentro. Esse tipo de estrabismo é corrigido com o uso contínuo de óculos.

Outros tipos de desvio também podem ocorrer. Como o estrabismo convergente não relacionado à acomodação do grau e estrabismos divergentes. Em geral, estes desvios exigem correção com cirurgia de estrabismo. Atualmente, alguns poucos centros no Brasil, incluindo Curitiba, oferecem uma técnica menos invasiva para correção do estrabismo: a técnica fórnice. Este método de cirurgia envolve incisões menores, menos suturas e mais conforto no pós-operatório inicial, o que acaba sendo uma opção muito interessante para crianças.

Ambliopia
Além dos erros refrativos e do estrabismo, a síndrome de Down também aumenta o risco de desenvolver a ambliopia, também conhecida como visão preguiçosa. Esta condição ocorre quando a visão de um olho é melhor que a do outro. É muito comum em crianças com estrabismo ou erros refrativos (graus de hipermetropia, miopia ou astigmatismo) não corrigidos. A imagem que chega de cada olho ao cérebro é diferente, o que gera estímulos diferentes e desenvolvimento alterado na visão de um dos olhos. A visão preguiçosa é corrigida com o uso de tampão ocular. Ocluímos o olho de melhor visão algumas horas por dia para estimular o olho preguiçoso.

O acompanhamento oftalmológico deve ser contínuo
A medicina e a tecnologia avançaram muito nas últimas décadas. Com isso, os tratamentos e as terapias que existem atualmente permitem que as crianças com síndrome de Down sejam estimuladas precocemente, para explorar todo o potencial de desenvolvimento motor, cognitivo, social e emocional. Como a visão é um ponto de atenção em crianças com trissomia do cromossomo 21, é fundamental que o acompanhamento com o oftalmopediatra se inicie desde o nascimento. Já nos primeiros meses, mesmo sem a criança informar, conseguimos a partir de um exame de dilatação das pupilas verificar a presença de grau, a necessidade de óculos, a saúde do fundo dos olhos (retina) e a presença de estrabismo.

Ao contrário do que muitos pensam, não existem graus de síndrome de Down. O desenvolvimento das crianças com a trissomia está intimamente relacionado ao estímulo e incentivo que recebem, sobretudo nos primeiros anos de vida e a carga genética herdada de sus pais, como qualquer pessoa. Por isso, a mensagem que devemos levar é que toda criança que inicia o tratamento e a estimulação na fase correta tem potencial de desenvolver a visão normalmente e melhora sobremaneira a qualidade de vida!

Dra. Dayane Issaho

Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.

CRM-PR 27.045 / RQE 2874

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