O estrabismo, como já explicamos em outros posts, é o desalinhamento dos olhos. Este desalinhamento pode ocorrer em qualquer direção (desvios verticais, horizontais ou oblíquos). Quando um ou os dois olhos desviam para fora, chamamos de estrabismo divergente ou exotropia.
A exotropia pode iniciar em qualquer idade, mesmo nos primeiros meses de vida. O tipo mais comum, observado principalmente em crianças, é a exotropia intermitente, quando os olhos manifestam o desvio somente em alguns momentos e esse desvio não é constante. E é sobre o desvio intermitente que vamos falar neste post.
Na exotropia intermitente:
Os pais podem notar um ou os dois olhos desviarem em momentos diferentes.
Normalmente o desvio começa a se manifestar esporadicamente na criança ainda pequena. Primeiro será notado quando ela está mais cansada, doente, acabou de acordar, empolgada ou estressada.
Outras vezes, o estrabismo pode não ser notado pelos pais e só ser detectado durante uma consulta de rotina com o oftalmologista.
Outro sinal muito frequente é fechar um dos olhos em ambientes muito claros. Isto acontece porque a criança tenta fechar o olho desviado quando sai na luz do sol.
Quando o olho está desviando, esta visão é ignorada pelo cérebro e a criança com estrabismo divergente intermitente geralmente não vê duplo.
O curso normal do estrabismo é de piorar com o tempo. No entanto, algumas vezes o quadro pode permanecer estável durante a infância.
É muito raro que o estrabismo se resolva espontaneamente.
Sabemos que houve piora da exotropia quando ocorre o desvio ocular:
Ocorrer com mais frequência.
e/ou a quantidade do desvio aumentar.
Se o desvio se tornar muito frequente e severo, cirurgia dos músculos oculares pode ser necessária.
Se a exotropia intermitente não for corrigida, o desvio pode piorar a ponto de o olho desviar na maior parte ou todo o tempo. É necessário corrigir a exotropia intermitente antes que ela se torne um problema constante. Nesse caso há risco de a criança com menos de 7 anos de idade desenvolver ambliopia (visão preguiçosa).
Algumas crianças podem desenvolver ambliopia mesmo que o olho não esteja desviando constantemente. Se o olho desviar na maior parte do tempo, esta visão não será usada pelo cérebro e perda da noção de profundidade, chamada estereopsia, e baixa da visão podem ocorrer.
Se a ambliopia ocorrer, oclusão ocular será necessária.
Uma crença muito comum entre as pessoas é de que a oclusão serve para tratar o estrabismo. Mas, não! O tampão vai melhorar a visão, enquanto a cirurgia de estrabismo vai corrigir o desvio.
Em alguns pacientes com desvios pequenos, com risco de ambliopia e que conseguem um controle moderado do estrabismo, o tampão pode ser tentado como tratamento inicial para melhorar o controle sobre este desvio. No entanto, por mais que possa reduzir o número de vezes que se manifesta o estrabismo, o tampão não vai eliminar o desvio!
Ocasionalmente óculos também podem ser prescritos para crianças com exotropia. Os óculos servem para corrigir qualquer tipo de erro refrativo (grau) que esteja associado.
A maioria dos casos, mais cedo ou mais tarde necessitará de cirurgia. A correção cirúrgica envolve o enfraquecimento de um ou mais músculos extraoculares e pode ser necessária em ambos os olhos, mesmo que o desvio só seja notado em um dos olhos e mesmo que um dos olhos desvie mais que o outro.
Atualmente, alguns serviços oferecem o que chamamos de cirurgia de estrabismo minimamente invasiva. A diferença neste tipo de procedimento é a incisão, que é mínima e fica escondida sob a pálpebra. É um tipo de cirurgia muito difundido entre os cirurgiões norte–americanos e vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil.
Em alguns centros, como em Curitiba, este tipo de técnica já é realizada por alguns cirurgiões. Também conhecida como técnica fórnice, essa nova cirurgia corrige o estrabismo com mínimas incisões, reduzindo o processo de inflamação, cicatrização e causando menos desconforto no pós–operatório (já que requer menos pontos e estes ficam escondidos embaixo da pálpebra).
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Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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