Para pacientes que possuem ceratocone, um enfraquecimento progressivo da córnea que pode resultar em perda visual significativa, um método cirúrgico vem se mostrando bastante promissor, podendo evitar a evolução da doença: é o Crosslinking.
A córnea é um tecido transparente, fino e resistente localizado na parte anterior do olho. Ela tem a função de focar a luz através da pupila para a retina, como se fosse uma lente fixa. O ceratocone é um afinamento lento e progressivo da córnea que causa visão turva. O ceratocone não causa cegueira, mas em alguns casos mais graves, pode ser necessário o transplante de córnea. Essa condição é frequentemente encontrada em pacientes com dermatite crônica e outras condições alérgicas. Somente o médico oftalmologista, a partir de um exame oftalmológico completo e com auxílio de uma topografia de córnea, consegue diagnosticar o ceratocone.
O tratamento do ceratocone pode ser muito desafiador. Casos leves podem às vezes ser tratados simplesmente com óculos ou lentes de contato. Em casos mais graves, a córnea pode tornar-se tão fina e irregular que as lentes de contato não proporcionam uma visão adequada, sendo necessário um transplante de córnea. Este é um procedimento mais invasivo em que a córnea danificada é substituída por uma saudável.
Apesar disso, um procedimento chamado crosslinking tem se mostrado eficiente para estabilizar a progressão do dano na córnea na maioria dos casos de ceratocone.
O crosslinking é um procedimento ocular que enrijece a córnea enfraquecida devido ao ceratocone. O objetivo do crosslinking é fortalecer as fibras da córnea para que ela seja capaz de manter a forma esférica adequada, de modo que a luz que entra nos olhos tenha uma chance melhor de chegar diretamente na retina, proporcionando uma visão mais clara. Com o aumento da resistência corneana, diminui-se a elasticidade da córnea e com isso, reduz-se a chance de progressão do abaulamento corneano, responsável pelo alto astigmatismo e baixa da visão provocados pelo ceratocone.
O procedimento é realizado em ambiente cirúrgico, com o paciente acordado e anestesia local. A primeira etapa é a raspagem da camada mais superficial da córnea (epitélio). Essa etapa é importante para permitir a melhor penetração da riboflavina (vitamina B12) dentro da córnea. Após isso, na segunda etapa, é pingado durante 30 minutos o colírio de riboflavina, até deixar a córnea cheia desta substância.
A riboflavina ou vitamina B12 possui afinidade pela luz ultravioleta, fazendo com que haja uma maior absorção no estroma da córnea da luz. Com isso, permite um efeito final desejado que é o fortalecimento das fibras de colágeno da córnea (tornando a córnea mais rígida e “congelada”) com o intuito de evitar a progressão do ceratocone.
Em geral, esse procedimento é muito seguro, mas você deve ter tempo para se recuperar, evitando complicações decorrentes da falta de cuidado.
Este tratamento é recomendado para pacientes cujos exames da córnea mostram evidência de progressão do ceratocone, ou aqueles considerados casos graves da doença. Para se realizar o procedimento, é necessária uma avaliação específica com o especialista para identificar os pacientes que poderão apresentar maior benefício com o tratamento.
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