Como você está enxergando nos últimos tempos? Sabe aquele ditado que diz que os olhos são a janela da alma? Pois é, a visão é o sentido que mais nos conecta com o mundo, mas infelizmente, existem algumas doenças crônicas e silenciosas, como o diabetes, que podem levar à cegueira e prejudicar essa conexão tão importante com o meio.
No Brasil existem atualmente mais de 4 milhões de portadores de diabetes, mas muitos nem imaginam que possuem a doença.
O diabetes é uma doença que pode comprometer o funcionamento de vários órgãos, pois lesa os vasos sanguíneos do corpo inteiro. Quando o diabetes está descompensado, pode afetar também os vasos dos olhos, levando ao que chamamos de retinopatia diabética.
Os diabéticos podem desenvolver ainda catarata mais cedo do que o restante da população, e glaucoma, que é o aumento da pressão ocular.
Na retinopatia diabética, os vasos lesionados na retina fazem com que o sangue extravase, causando sangramentos intraoculares, além de prejudicar a oxigenação das células do fundo dos olhos.
Nas fases intermediárias da doença, os vasos doentes provocam um vazamento e acúmulo de líquido e gordura na retina, levando ao edema macular, causa mais frequente de perda visual no diabético.
Nas fases mais avançadas, a retinopatia pode evoluir para descolamento de retina, sangramento intraocular e glaucoma neovascular.
Quanto mais avançada a retinopatia, maior a destruição da retina e maior a chance de perda permanente da visão.
Diferentemente da catarata, na qual o tratamento cirúrgico resulta em alto índice de sucesso, a retinopatia diabética é a maior causa de cegueira irreversível e seu tratamento é mais eficaz nas formas iniciais da doença. A gravidade está diretamente relacionada com o tempo da doença e com o mau controle da glicemia. Os pacientes com níveis de açúcar bem controlados têm menor chance de apresentarem retinopatia.
O controle rigoroso da glicemia é a medida mais importante da prevenção, do tratamento e do controle da retinopatia, sendo fundamental para a redução das alterações no fundo dos olhos. Pacientes diabéticos com visão excelente podem apresentar algum grau de retinopatia mesmo sem sintomas visuais. Por isso, o exame oftalmológico completo com dilatação das pupilas para mapeamento de retina é fundamental na identificação precoce da retinopatia.
O exame deve ser realizado imediatamente ao diagnóstico do diabetes, nos adultos e crianças e deve ser repetido anualmente.
Os exames oftalmológicos preventivos são fundamentais porque a maioria dos pacientes com retinopatia diabética não apresenta sintomas. Esses exames devem ser realizados ao menos uma vez por ano. De acordo com o estágio da retinopatia, os exames devem ser repetidos com maior frequência. Além disso, em caso de alterações da visão, o paciente diabético deve ser examinado sem demora.
Os principais sintomas de retinopatia diabética são: borramento visual e distorção das imagens.
Os exames complementares são usados para confirmar o diagnóstico e programar o tratamento da retinopatia diabética. A necessidade de realização dos mesmos varia de paciente para paciente. Os exames mais utilizados são: retinografia (fotografia da retina), angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica (análise das camadas da retina).
O controle adequado da glicemia (nível de açúcar no sangue), assim como os exames oftalmológicos periódicos são fundamentais para a prevenção e tratamento precoce da retinopatia diabética. Além disso, o controle de outras doenças, como hipertensão arterial e colesterol alto, deve ser rigoroso porque essas doenças associadas aceleram a progressão do diabetes na retina.
A decisão de iniciar o tratamento se baseia no estágio da retinopatia diabética. Dessa forma, indica-se o tratamento do edema de mácula clinicamente significante (inchaço na área central da retina) e da retinopatia diabética proliferativa (crescimento de novos vasos sanguíneos) e suas consequências (hemorragia vítrea e descolamento de retina). O tratamento pode ser realizado com: aplicações de laser na retina, injeções intraoculares de medicações e cirurgia de retina.
Você que é diabético, quando foi o último exame de fundo de olho que você fez? Não deixe que consultar regularmente seu oftalmologista de confiança!
Dr. Peter é formado pela Universidade Federal do Paraná e tem especialização em Oftalmologia pelo Hospital de Clínicas do Paraná. É mestre em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo. Se aperfeiçoou no Brasil e no exterior em Cirurgia de Catarata a Laser e Cirurgia Refrativa. É colaborador do serviço de residência do Hospital de Olhos do Paraná, onde atua como médico preceptor e cirurgião. Dedica-se ao aperfeiçoamento científico estando atualizado na comunidade científica e participa dos maiores congressos na área.
CRM-PR 25.014 / RQE 17417
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