Como já explicamos em outros posts, o estrabismo é o desalinhamento dos olhos, que pode ser tratado de várias maneiras. Alguns tipos de desvio podem ser corrigidos com óculos, outros com exercícios ortópticos, existe também a opção de aplicação de toxina botulínica no músculo ocular. Quando nenhuma destas alternativas é possível, recorremos à cirurgia de estrabismo.
Um dúvida muito frequente de quem tem estrabismo com indicação de cirurgia é: como funciona a cirurgia de estrabismo? Existem cortes? É realizada à laser? Deixa marcas ou cicatrizes?
E para responder a essas e outras perguntas, organizamos este post explicando passo a passo este procedimento que causa tanto impacto na visão e no convívio social das pessoas que possuem algum desalinhamento ocular.
Primeiramente, a cirurgia de estrabismo é considerada um procedimento de baixo risco e que consiste na mudança da posição dos músculos que ficam ao redor do globo ocular. Com isso, alteramos a forma como esses músculos comandam a movimentação dos olhos.
Em geral utiliza-se anestesia geral na cirurgia de estrabismo em crianças. Em adolescentes e adultos, opta-se na maioria das vezes pela anestesia local com sedação. Nestes casos, o paciente não vê e nem sente o procedimento e ainda consegue respirar sem o auxílio de aparelhos.
Após a cirurgia, o paciente fica algumas horas em observação e recebe alta no mesmo dia.
O tempo cirúrgico é muito variável. Depende da complexidade e da quantidade de músculos a serem operados. Em geral, pode variar de 20 a 60 minutos.
Após o paciente receber a anestesia, é realizada a limpeza e assepsia dos olhos. Campos estéreis (lençóis) são colocados sobre o paciente para evitar qualquer contaminação.
Mantemos os olhos do paciente abertos com o uso de um afastador, que chamamos de blefarostato (foto), assim não ocorre nenhuma movimentação das pálpebras.
A cirurgia de estrabismo não é feita com laser! Existem cortes e suturas, que são realizados na conjuntiva (parte branca dos olhos).
Após realizada a abertura na conjuntiva, buscamos os músculos com o auxílio de pinças e ganchos.
Dependendo do tipo de estrabismo, existem dois principais tipos de procedimentos que são realizados: os que fortalecem e os que enfraquecem a musculatura extraocular. No primeiro tipo de cirurgia (foto), podemos observar o procedimento de enfraquecimento muscular. O músculo é retirado de sua inserção original e reinserido em uma nova posição.
No segundo tipo de cirurgia (foto), quando fortalecemos o músculo, um pedacinho dele é retirado, deixando-o mais curto, tenso e forte.
O músculo é posicionado no local adequado e é suturado no globo ocular.
Em seguida, a conjuntiva é suturada para fechar a incisão. Os pontos dados na cirurgia de estrabismo em geral absorvem após 3 a 4 semanas de cirurgia e não há necessidade de retirá-los.
Após a cicatrização, em geral, não ficam sinais ou marcas visíveis e dificilmente alguém poderá perceber que os olhos já foram operados.
Atualmente, alguns serviços oferecem o que chamamos de cirurgia de estrabismo minimamente invasiva. A diferença neste tipo de procedimento é a incisão, que é mínima e fica sob a pálpebra.
É um tipo de cirurgia muito difundido entre os cirurgiões norte-americanos e vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Em alguns centros, como em Curitiba, este tipo de técnica já é realizado por alguns cirurgiões. Também conhecida como técnica fórnice, essa nova cirurgia corrige o estrabismo com mínimas incisões, reduzindo o processo de inflamação, cicatrização e causando menos desconforto no pós-operatório (já que requer menos pontos e estes ficam escondidos embaixo da pálpebra).
A longo prazo, não há diferença no alinhamento dos olhos se compararmos a técnica tradicional (limbar) e a técnica fórnice. No entanto, a técnica minimamente invasiva é, sem dúvidas, muito mais vantajosa no intraoperatório e no pós-operatório recente.
Em geral, o pós-operatório não é muito debilitante e o paciente pode voltar às suas atividades normais após 1 semana, exceto esforço físico mais intenso (luta, musculação ou natação) que demanda mais dias de afastamento.
É comum alguns pacientes se queixarem de visão dupla nos primeiros dias ou semanas após a cirurgia. Isso ocorre pois o cérebro pode levar um tempo para conseguir interpretar o novo posicionamento dos olhos.
Viu só como é fascinante uma cirurgia de estrabismo? E você? Já fez a cirurgia ou tem algum conhecido que já foi operado de estrabismo? Compartilhe conosco sua experiência! E não se esqueça de nos acompanhar no Facebook e no Instagram.
Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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