Por que tratar estrabismo na infância?

3 de março de 2023

Tem situações na vida que a gente tem vontade de protelar ao máximo! Ainda mais quando se trata de poupar nossos filhos de possíveis sofrimentos e dores. Quando a gente fala de cirurgia, então, dá até um arrepio. Talvez, por essa razão, alguns pais sintam-se inseguros em procurar tratamento para a criança quando ela apresenta desvio ocular.

Eu entendo esse medo. Como mãe, também quero saber o máximo sobre qualquer coisa que afete meu pequeno Lucca. Aparentemente, por ser uma condição comum, o tratamento do estrabismo pode acabar sendo adiado, sob a justificativa de que é viável na fase adulta. E é mesmo. No entanto, quanto antes tratar, melhor.

Sabe por quê?

Até cerca dos 7 a 8 anos de idade, o nosso cérebro está aprendendo a enxergar. Ou seja, a visão está amadurecendo neurologicamente e qualquer alteração que ocorra nos olhinhos da criança nessa faixa etária pode ocasionar o aparecimento de uma condição chamada ambliopia, que é a visão preguiçosa. Existe, também, o risco de que o estrabismo prejudique o desenvolvimento da visão em profundidade, que se desenvolve principalmente nos primeiros 2 anos de vida.

Mas há ainda um segundo motivo.

Para além do aspecto orgânico, temos a questão psicossocial. Vários estudos já apontam que a autoestima das pessoas que têm estrabismo é afetada em razão dessa condição. Inclusive, essa foi a conclusão de um estudo do qual tive a oportunidade de participar. O artigo publicado em janeiro deste ano, pela Revista Brasileira de Oftalmologia, apresenta os dados da pesquisa que avaliou a qualidade de vida de 97 crianças entre 3 e 13 anos de idade. Identificamos que quanto maior for o grau do desvio ocular, piores são as pontuações funcionais e psicossociais da criança.

Sendo assim, o tratamento do estrabismo na primeira infância é muito importante para garantir que a visão tenha um desenvolvimento adequado e saudável em todos os seus aspectos. E, também, para que essa criança possa ter mais qualidade de vida e, com isso, desenvolver uma imagem positiva de si mesma.

Dra. Dayane Issaho

Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.

CRM-PR 27.045 / RQE 2874

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