Muitos pais esperam que os filhos ultrapassem a primeira infância (5 a 6 anos) para levá-los pela primeira vez ao oftalmologista para consultar. Entretanto, essa prática pode contribuir para que problemas no desenvolvimento da visão da criança sejam tardiamente detectados. De acordo com a Dra Dayane Issaho, oftalmologista com especialização em Oftalmopediatria e Estrabismo pela Universidade Federal de São Paulo e University of Texas Southwestern, em Dallas (EUA), o ideal é que a primeira visita ao especialista ocorra ainda no primeiro ano de vida da criança. “É recomendável uma consulta de rotina ainda no primeiro ano, de preferência nos primeiros 6 meses. Os olhos são os órgãos que mais se desenvolvem no primeiro ano de vida. Já o desenvolvimento cerebral da visão ocorre até cerca de 7-8 anos de idade. Por isso é importante que qualquer alteração visual seja diagnosticada precocemente para permitir um desenvolvimento visual normal na criança”, explica.
A oftalmologista lembra que logo após o nascimento, a criança passa pelo primeiro exame de vista – conhecido como Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho -, mas ele é superficial e realizado pelo próprio pediatra. “É apenas um teste de triagem que detecta qualquer alteração que comprometa os meios transparentes do olho (como catarata, glaucoma congênito, tumores, malformações). Através do Teste do Olhinho não é possível detectar, por exemplo, se o bebê vai precisar de óculos ou quantificar o quanto o bebê enxerga”, exemplifica.
Segundo Issaho, algumas estatísticas servem como alerta para que os adultos criem o hábito de levar seus filhos, com certa regularidade, à realização de exames clínicos, principalmente diante da grande exposição a eletrônicos que permeia a vida das crianças e dos adolescentes. “Após os 4 anos, cerca de 10% das crianças precisam usar óculos. Antes dos 10 anos, esse índice sobe para 20% e chega aos 30% nos adolescentes, conforme dados da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. São porcentagens significativas e que merecem atenção”, afirma a médica.
Os principais problemas visuais detectados nas crianças são os erros refrativos, tais como miopia, astigmatismo e hipermetropia. Todos são corrigidos com o uso de óculos. No entanto, há outras alterações que tambem são comuns como o estrabismo (desvio dos olhos), a ambliopia (também conhecida como visão preguiçosa e que atinge 5% da população infantil mundial) que, em muitas ocorrências, requer tratamento com tampão ocular, e a alergia ocular – que se manifesta através da vermelhidão e coceira nos olhos.
Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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