A visão de profundidade, também conhecida como visão 3D, acontece quando os dois olhos são usados ao mesmo tempo e conseguimos ter a percepção de localização dos objetos no espaço. Nosso cérebro tem a capacidade de juntar as imagens formadas em cada olho e enxergar uma só, o que chamamos de estereopsia.
Quando conseguimos usar os dois olhos na fixação, é possível distinguir as dimensões dos objetos, como profundidade, largura e altura, além de sua localização.
A visão binocular se desenvolve principalmente nos primeiros meses de vida e se completa aos 2 anos de idade. A estereopsia nos auxilia em habilidades como pegar objetos e se locomover. Também permite que as pessoas caminhem desviando obstáculos de forma rápida e segura. Assim, com a visão binocular, podemos realizar atividades como passar uma linha na agulha, colocar café em uma xícara ou assistir um filme em 3D no cinema.
Os óculos 3D têm papel de um polarizador, ou seja, fazem com que cada olho receba as imagens de um projetor, a qual é formada com ondas de luz em um único sentido (normalmente, a propagação de luz se dá em todos os sentidos).
Ainda que cada olho só veja as imagens de um projetor, a fusão que ocorre no cérebro nos faz interpretá-las como se fossem uma única imagem, simulando relevos e provocando a sensação de seres que saem da tela.
Os óculos 3D facilitam esse processo da visão binocular.
A incapacidade em ver 3D está geralmente ligada a problemas de visão. A visão 3D se forma a partir da fusão das imagens captadas separadamente por cada um dos olhos. Ou seja, para o cérebro ser capaz de unir essas imagens, ele depende de uma visão binocular saudável – visão na qual ambos os olhos são usados em conjunto.
Pessoas com estrabismo têm dificuldade na visão binocular, pois as imagens não chegam ao cérebro da maneira correta. Existe um mecanismo de fusão das imagens no cérebro chamado de estereopsia, que proporciona a noção da distância dos objetos. No entanto, se um dos olhos estiver desalinhado, a percepção da profundidade não é tão precisa.
Assim, quanto maior o desvio ocular, mais a estereopsia é afetada e menor é a capacidade de fundir as imagens. Por isso é tão importante tratar o estrabismo em crianças de forma precoce: para que, até os 2 anos de vida, ela consiga desenvolver algum grau de visão 3D.
Além disso, quando uma pessoa tem dificuldades de enxergar com um dos olhos, ela não consegue captar a imagem por inteiro e o cérebro não consegue gerar uma imagem tridimensional. Isso acontece principalmente com pessoas que possuem ambliopia (visão preguiçosa).
Essas pessoas têm uma vida normal, pois desenvolvem habilidades que as permitem substituir a visão em três dimensões. Entretanto, elas não conseguem exercer profissões ou atividades que dependam da visão binocular, como ser piloto de avião, motorista profissional de cargas, policial, etc.
Além disso, pessoas sem capacidade de visão tridimensional, não conseguem ver as imagens em 3D no cinema. É muito comum sentir mal-estar, enjoo ou desconforto após alguns minutos de uso dos óculos 3D.
Existem testes específicos realizados pelo oftalmologista que conseguem quantificar a visão 3D. Além disso, durante o exame oftalmológico, são diagnosticadas alterações, como estrabismo e ambliopia, que podem afetar a visão binocular.
Se você ou seu filho apresentam algum desconforto ou dificuldade em assistir os filmes em 3D no cinema, não deixem de consultar um oftalmologista!
Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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