Olho seco e sua causa oculta

23 de fevereiro de 2017
olho-seco

Olho seco é uma das queixas mais comuns no consultório e pode ser a causa de uma variedade de sintomas como desconforto, irritação, coceira, vermelhidão, sensação de corpo estranho, lacrimejamento reflexo (sim, secura da superfície ocular pode estimular a produção de lágrimas que extravasam dos olhos!) e até mesmo visão embaçada e dor.

Mas, por que o olho resseca?

Há várias causas potenciais de olho seco, mas hoje vamos discutir uma das causas mais comuns: a disfunção da glândula meibomiana.

  • O que é meibomite?

Glândulas de meibomius são glândulas da pele produtoras de óleo especializadas, que são organizadas em linhas na borda de cada pálpebra. A abertura dessas glândulas está situada muito próxima à margem palpebral e dos cílios.

Cada uma dessas pequeninas glândulas produz óleo e gordura que se torna parte do filme lacrimal. Em uma pessoa normal, uma fina camada, regular e uniforme, cobre a superfície dos olhos o tempo todo. A camada oleosa mais superficial serve como proteção contra a evaporação da parte aquosa da lágrima – como uma camada de espuma flutuando na superfície de uma piscina – que permite a lubrificação constante dos olhos, estimulada pelo ato de piscar.

Dessa maneira, o óleo produzido por essas glândulas permite que a lubrificação proporcionada pela lágrima funcione melhor. Por outro lado, qualquer disfunção nas glândulas meibomianas leva à produção deficiente desse óleo, a proteção superficial diminui e a lágrima evapora com facilidade – que leva o paciente a sentir queimação, fisgadas, dor e visão borrada.

  • O que pode causar disfunção das glândulas meibomianas?

Às vezes é difícil acreditar que glândulas tão pequenas podem influenciar na qualidade de visão e conforto ocular, mas a disfunção severa dessas glândulas podem fazer isso.

A função das glândulas meibomianas pode ser afetada por idade avançada, dieta, mudanças no clima e ambiente, alterações hormonais, tabagismo, consumo de álcool, doenças de pele, como rosácea e outras doenças sistêmicas como a Síndrome de Sjögren.

A maioria dos pacientes que sofre com sintomas de olho seco tem algum grau de disfunção das glândulas de Meibomius. Por isso, além do tratamento com colírios estimulantes da secreção lacrimal e lubrificantes, o tratamento da disfunção glandular melhora muito os sintomas de olho seco.

  • Como tratar a meibomite?

  • 1.Compressas mornas, por pelo menos 5 minutos.

Uma opção é usar uma compressa de tecido durante o banho sobre os olhos fechados, reaquecendo o tecido com água quente corrente. Porém, alguns pacientes acham mais fácil usar máscaras de gel térmicas (disponíveis para aquisição na nossa clínica) que mantém a temperatura por mais tempo sobre as pálpebras.

Esses passos ajudam na abertura dos poros da pele e das glândulas meibomianas.

2. Imediatamente após as compressas mornas feche os olhos e gentilmente limpe as bordas das pálpebras com xampu neutro infantil, sabão neutro ou gel de limpeza facial.

O xampu infantil funciona bem já que é hipoalergênico e não irrita os olhos. Esses passos ajudam a eliminar qualquer óleo ou debris que ocluem as aberturas das glândulas meibomianas.

3. Enxágue o sabão e as secreções com água e aplique colírio lubrificante em ambos os olhos.

Nós explicamos aos pacientes com sintomas de olho seco que esse processo de 3 passos deve fazer parte da rotina diária – assim como escovar os dentes!

Realizar essas etapas 2 vezes ao dia pode melhorar muito os sintomas de olho seco.

E se as gotas e a limpeza palpebral não forem suficientes?

Além das lágrimas artificiais e da higiene palpebral, outras medicações tais como suplementação alimentar com Ômega-3 ou óleo de semente de linhaça e outras medicações via oral podem resolver o problema.

Se você acha que tem olho seco, disfunção das glândulas de meibomius ou gostaria de uma avaliação especializada com um especialista em Desordens da Superfície Ocular, procure seu oftalmologista!

Dr. Peter Ferenczy

Dr. Peter é formado pela Universidade Federal do Paraná e tem especialização em Oftalmologia pelo Hospital de Clínicas do Paraná. É mestre em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo. Se aperfeiçoou no Brasil e no exterior em Cirurgia de Catarata a Laser e Cirurgia Refrativa. É colaborador do serviço de residência do Hospital de Olhos do Paraná, onde atua como médico preceptor e cirurgião. Dedica-se ao aperfeiçoamento científico estando atualizado na comunidade científica e participa dos maiores congressos na área.

CRM-PR 25.014 / RQE 17417

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