Olho seco é uma das queixas mais comuns no consultório e pode ser a causa de uma variedade de sintomas como desconforto, irritação, coceira, vermelhidão, sensação de corpo estranho, lacrimejamento reflexo (sim, secura da superfície ocular pode estimular a produção de lágrimas que extravasam dos olhos!) e até mesmo visão embaçada e dor.
Mas, por que o olho resseca?
Há várias causas potenciais de olho seco, mas hoje vamos discutir uma das causas mais comuns: a disfunção da glândula meibomiana.
Glândulas de meibomius são glândulas da pele produtoras de óleo especializadas, que são organizadas em linhas na borda de cada pálpebra. A abertura dessas glândulas está situada muito próxima à margem palpebral e dos cílios.
Cada uma dessas pequeninas glândulas produz óleo e gordura que se torna parte do filme lacrimal. Em uma pessoa normal, uma fina camada, regular e uniforme, cobre a superfície dos olhos o tempo todo. A camada oleosa mais superficial serve como proteção contra a evaporação da parte aquosa da lágrima – como uma camada de espuma flutuando na superfície de uma piscina – que permite a lubrificação constante dos olhos, estimulada pelo ato de piscar.
Dessa maneira, o óleo produzido por essas glândulas permite que a lubrificação proporcionada pela lágrima funcione melhor. Por outro lado, qualquer disfunção nas glândulas meibomianas leva à produção deficiente desse óleo, a proteção superficial diminui e a lágrima evapora com facilidade – que leva o paciente a sentir queimação, fisgadas, dor e visão borrada.
Às vezes é difícil acreditar que glândulas tão pequenas podem influenciar na qualidade de visão e conforto ocular, mas a disfunção severa dessas glândulas podem fazer isso.
A função das glândulas meibomianas pode ser afetada por idade avançada, dieta, mudanças no clima e ambiente, alterações hormonais, tabagismo, consumo de álcool, doenças de pele, como rosácea e outras doenças sistêmicas como a Síndrome de Sjögren.
A maioria dos pacientes que sofre com sintomas de olho seco tem algum grau de disfunção das glândulas de Meibomius. Por isso, além do tratamento com colírios estimulantes da secreção lacrimal e lubrificantes, o tratamento da disfunção glandular melhora muito os sintomas de olho seco.
Uma opção é usar uma compressa de tecido durante o banho sobre os olhos fechados, reaquecendo o tecido com água quente corrente. Porém, alguns pacientes acham mais fácil usar máscaras de gel térmicas (disponíveis para aquisição na nossa clínica) que mantém a temperatura por mais tempo sobre as pálpebras.
Esses passos ajudam na abertura dos poros da pele e das glândulas meibomianas.
2. Imediatamente após as compressas mornas feche os olhos e gentilmente limpe as bordas das pálpebras com xampu neutro infantil, sabão neutro ou gel de limpeza facial.
O xampu infantil funciona bem já que é hipoalergênico e não irrita os olhos. Esses passos ajudam a eliminar qualquer óleo ou debris que ocluem as aberturas das glândulas meibomianas.
3. Enxágue o sabão e as secreções com água e aplique colírio lubrificante em ambos os olhos.
Nós explicamos aos pacientes com sintomas de olho seco que esse processo de 3 passos deve fazer parte da rotina diária – assim como escovar os dentes!
Realizar essas etapas 2 vezes ao dia pode melhorar muito os sintomas de olho seco.
Além das lágrimas artificiais e da higiene palpebral, outras medicações tais como suplementação alimentar com Ômega-3 ou óleo de semente de linhaça e outras medicações via oral podem resolver o problema.
Se você acha que tem olho seco, disfunção das glândulas de meibomius ou gostaria de uma avaliação especializada com um especialista em Desordens da Superfície Ocular, procure seu oftalmologista!
Dr. Peter é formado pela Universidade Federal do Paraná e tem especialização em Oftalmologia pelo Hospital de Clínicas do Paraná. É mestre em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo. Se aperfeiçoou no Brasil e no exterior em Cirurgia de Catarata a Laser e Cirurgia Refrativa. É colaborador do serviço de residência do Hospital de Olhos do Paraná, onde atua como médico preceptor e cirurgião. Dedica-se ao aperfeiçoamento científico estando atualizado na comunidade científica e participa dos maiores congressos na área.
CRM-PR 25.014 / RQE 17417
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