Tem situações na vida que a gente tem vontade de protelar ao máximo! Ainda mais quando se trata de poupar nossos filhos de possíveis sofrimentos e dores. Quando a gente fala de cirurgia, então, dá até um arrepio. Talvez, por essa razão, alguns pais sintam-se inseguros em procurar tratamento para a criança quando ela apresenta desvio ocular.
Eu entendo esse medo. Como mãe, também quero saber o máximo sobre qualquer coisa que afete meu pequeno Lucca. Aparentemente, por ser uma condição comum, o tratamento do estrabismo pode acabar sendo adiado, sob a justificativa de que é viável na fase adulta. E é mesmo. No entanto, quanto antes tratar, melhor.
Sabe por quê?
Até cerca dos 7 a 8 anos de idade, o nosso cérebro está aprendendo a enxergar. Ou seja, a visão está amadurecendo neurologicamente e qualquer alteração que ocorra nos olhinhos da criança nessa faixa etária pode ocasionar o aparecimento de uma condição chamada ambliopia, que é a visão preguiçosa. Existe, também, o risco de que o estrabismo prejudique o desenvolvimento da visão em profundidade, que se desenvolve principalmente nos primeiros 2 anos de vida.
Mas há ainda um segundo motivo.
Para além do aspecto orgânico, temos a questão psicossocial. Vários estudos já apontam que a autoestima das pessoas que têm estrabismo é afetada em razão dessa condição. Inclusive, essa foi a conclusão de um estudo do qual tive a oportunidade de participar. O artigo publicado em janeiro deste ano, pela Revista Brasileira de Oftalmologia, apresenta os dados da pesquisa que avaliou a qualidade de vida de 97 crianças entre 3 e 13 anos de idade. Identificamos que quanto maior for o grau do desvio ocular, piores são as pontuações funcionais e psicossociais da criança.
Sendo assim, o tratamento do estrabismo na primeira infância é muito importante para garantir que a visão tenha um desenvolvimento adequado e saudável em todos os seus aspectos. E, também, para que essa criança possa ter mais qualidade de vida e, com isso, desenvolver uma imagem positiva de si mesma.
Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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