Com a quarentena e isolamento social promovidos pela pandemia do COVID-19, crianças e adolescentes estiveram cada vez mais expostos aos eletrônicos. E, sim, essa exposição excessiva a celulares, tablets e computador pode afetar a saúde visual. É o que mostra um artigo publicado recentemente no American Journal of Ophthalmology, umas das principais revistas americanas em Oftalmologia.
A miopia, que é o erro refrativo que causa dificuldade na visão de longe, tem principalmente causa genética, mas sabemos atualmente que há vários fatores ambientais e comportamentais que podem levar ao seu desenvolvimento.
Vários estudos mostram que o uso excessivo de eletrônicos e esforço visual para perto é um dos principais fatores capazes de levar a uma manifestação precoce e à progressão da miopia. Com as atividades externas restritas em função do isolamento social, a tecnologia se tornou uma das poucas alternativas de lazer dos pequenos. Além das aulas online, a comunicação com amigos e familiares e as brincadeiras ficaram restritas ao uso das telas.
O uso ilimitado de eletrônicos e a redução de atividades em ambientes externos são prejudiciais à visão. A exposição à luz solar é muito importante, pois estimula a produção de dopamina, um neurotransmissor que regula o crescimento do globo ocular. Pessoas míopes têm um globo ocular mais alongado. Diversos estudos já mostraram que quanto menor o tempo de exposição a eletrônicos e maior o tempo gasto em atividades externas, menor o risco de desenvolvimento e progressão da miopia. E o artigo publicado na American Journal of Ophthalmology confirmou que as condições do isolamento social não favorecem a visão, principalmente de crianças e adolescentes!
Contra os fatores genéticos, por enquanto ainda não conseguimos lutar. Mas diante de todos os estudos mostrando a influência do ambiente sobre a miopia, podemos sim tomar medidas que ao menos reduzem a chance e velocidade de progressão. Crianças e adolescentes devem ser limitados quanto ao uso de eletrônicos e leitura em detrimento de atividades outdoor.
Por isso, quando se trata da população infantil, que ainda se encontra em crescimento, é fundamental trabalharmos nos meios comportamentais! Para a miopia, jogar bola é com certeza melhor do que os jogos no iPad!
Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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