Diante de tanta exposição à tecnologia, muitos especialistas na área infantil têm orientado pais e familiares em relação à epidemia de miopia que vem ocorrendo no mundo todo.
Miopia é um erro refrativo que faz com que a imagem seja formada antes da retina, causando dificuldade na visão de longe. A miopia pode ser de dois tipos: corneana ou axial. Na corneana ou refracional o grau encontra–se na córnea. Já na miopia axial, o olho pode ter uma córnea normal, mas um comprimento axial (eixo) maior que o normal. Em ambos os casos a imagem se forma antes da retina.
Dentre os sintomas de miopia estão:
Aperto dos olhos para enxergar com nitidez
Visão embaçada de objetos distantes
Fadiga ocular
A miopia tem principalmente causa genética, mas sabemos atualmente que há vários fatores ambientais e comportamentais que podem levar ao desenvolvimento desse erro.
Um estudo recente realizado na Coreia do Sul mostrou que crianças que passam muitas horas em eletrônicos apresentam um risco aumentado de desenvolver problemas como a miopia e a síndrome do olho seco, uma doença que até então só acometia adultos. A criança fica tão focada na atividade, que acaba piscando com menos frequência. Além disso, estudos têm demonstrado que atividades indoor, em ambientes fechados e com foco para perto podem estimular o desenvolvimento e a progressão da miopia em pessoas geneticamente predispostas.
Um outro estudo realizado em crianças na Austrália mostrou que a exposição à luz solar e atividades realizadas ao ar livre ativam determinados neurotransmissores, evitando que o olho cresça mais alongado (uma das causas da miopia).
O fato é que a miopia não para de crescer! Earl Smith, professor de desenvolvimento da visão e decano da Faculdade de Optometria da Universidade de Houston, nos Estados Unidos fala em uma epidemia global de miopia. De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia (AAO) e com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2050, metade da população mundial será míope. Atualmente a prevalência de miopia pode chegar a 90% em estudantes que concluem o ensino médio em países como China e Coreia do Sul.
Contra os fatores genéticos, por enquanto ainda não conseguimos lutar. Mas diante de todos os estudos mostrando a influência do ambiente sobre a miopia, podemos sim tomar medidas que ao menos reduzem a chance e velocidade de progressão. Sabemos que quanto maior o tempo gasto em atividades em ambientes externos, menor o risco de progressão e desenvolvimento desse erro refrativo. Portanto, crianças e adolescentes devem ser limitados quanto ao uso de eletrônicos e leitura em detrimento de atividades outdoor.
Todo caso de miopia pode e deve ser tratado. Dentre os tratamentos disponíveis estão o uso de óculos, lentes de contato ou mesmo cirurgia refrativa a laser. Mas, mesmo tratando a miopia, o alongamento do globo ocular permanece. Esta alteração estrutural aumenta a chance de outros problemas, como por exemplo, o descolamento de retina. Por isso, quando se trata da população infantil, que ainda se encontra em crescimento, é fundamental trabalharmos nos meios comportamentais! Para a miopia, jogar bola é com certeza melhor do que os jogos no iPad!
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Paciência e carinho com as crianças são algumas das características da Dra Dayane Issaho. Ela concluiu a residência médica em Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná em 2013. Em 2014 mudou-se para Dallas, nos Estados Unidos, para participar de outro fellowship nas áreas de Estrabismo e Oftalmologia voltada para crianças no Children’s Medical Center da Universidade do Texas (UT Southwestern), um dos mais importantes hospitais pediátricos do mundo. Em 2018 concluiu Doutorado e em 2020 pós-doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo.
CRM-PR 27.045 / RQE 2874
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